Acordei no dia seguinte com uma dor de cabeça terrível, resultado dos últimos acontecimentos do restante do dia de ontem. Acabou que com a chegada da intimação não tivemos mais vontade de sair para ir ao cinema e jantar. Com isso, ficamos em casa com uma tensão pairando no ar e procurando saber do meu pai cada detalhe da batalha que teremos pela frente. Algo que não seria fácil, principalmente para mim que teria que conviver com a possibilidade de perder a guarda da minha filha. Quando eu já não estava com cabeça para ouvir mais nada sobre isso, subi para o meu quarto junto com a Malu, nos preparamos para dormir e minha noite terminou com nós duas grudadas na minha cama do jeito que eu precisava.
Depois de me situar do horário, que marcava 08:45 no meu celular, levantei da cama e fui para o banheiro deixando a Malu dormindo. Olhar no espelho só me serviu para constatar o estado terrível que estava meu rosto depois de ter chorado muito ontem. Escovei os dentes, fiz xixi, me despi, entrei no box e tomei um banho bem demorado para tirar um pouco da tensão do meu corpo. Me sequei, enrolei uma toalha no meu corpo e outra no meu cabelo quando terminei. Fui para o closet, vesti um look confortável, sequei o cabelo com o secador e logo depois fiz um rabo de cavalo alto no mesmo. Passei um pouco de maquiagem, arrumei a bagunça que eu tinha feito e voltei para o quarto. Sentei na beira da cama e alisei o cabelo da minha princesa. Tão pequenininha e em paz no seu sono. Só tenho a agradecer à Deus por você não entender tudo que está acontecendo. Que ele não deixe que você seja tirada de mim. Beijei sua testa, peguei meu celular, saí do quarto e desci direto para a cozinha.
Júlia: Bom dia! - falei para a Rosa e a minha mãe, as únicas que estavam presente.
Marcela: Bom dia, filha!
Rosa: Bom dia, Júlinha!
Marcela: Como você está? - sorriu fraco.
Júlia: Bem, só com uma dor de cabeça.
Rosa: Vou pegar o remédio para você. - foi buscar e eu fui até a mesa e me servi um copo de suco.
Júlia: Cadê o restante do povo?
Marcela: Seu pai foi até o escritório e a sua irmã e o Felipe ainda não desceram.
Júlia: O que o papai foi fazer no escritório? - sentei em uma cadeira de frente para ela.
Marcela: Ele disse que precisava buscar alguns papel para estudar mais sobre o nosso caso.
Júlia: Ah sim... - murmurei e a Rosa voltou com o remédio. - Obrigada, Rosinha. - coloquei o comprimido na boca e engoli junto com o suco.
Marcela: A Malu ainda está dormindo?
Júlia: Está! Vou subir daqui à pouco para acorda-lá. Ontem parecia que ela percebeu que eu não estava muito bem porque passou o tempo todo garrada em mim, mesmo depois de terminar de mamar. - sorri um pouco.
Marcela: Ela sentiu, com certeza.
Júlia: Tenho que tentar demonstrar um pouco menos meus sentimentos perto dela, não quero que ela faça parte dessa loucura. - suspirei.
Marcela: É uma ótima idéia! Ela ainda é muito nova para tudo isso. Estou rezando para que isso tudo passe logo e que de tudo certo no final.
Júlia: Tomara! - suspirei e levantei para colocar meu copo na pia.
Rosa: O que vocês querem para o almoço hoje?
Júlia: Para mim, algo leve. Não estou dando muita fome nesses últimos dias e algo pesado não irá cair bem. Vou dar um tempo lá fora e esperar minha dor de cabeça passar.
Marcela: Tá bom! - deixei as duas conversando sobre o almoço, saí para a área externa e deitei em uma espreguiçadeira perto da piscina. Peguei meu celular e fiquei olhando minhas redes sociais até a Gabi me chamar no whats.
Continuamos a conversar, ela me contou tudo sobre o cara e como se conheceram, e depois me despedi dela quando o Fe apareceu e veio pra perto de mim.
Felipe: E aí, Júlinha! Tá melhor? - beijou minha bochecha e sentou ao meu lado.
Júlia: Tô sim! Valeu por ontem. - sorri. Ontem enquanto tudo estava acontecendo ele foi o responsável por manter a Malu longe e ficou brincando com ela no quarto de brinquedos até que as coisas se acalmaram.
Felipe: Sem problemas! Fiz o que achei melhor para não deixar a Maluzinha presenciar tudo aquilo. - sorriu. - Aliás, ela já acordou!
Júlia: Já? Fiquei aqui mexendo no celular e esqueci dela. Vou lá ajeitar ela e depois descer para dar café.
Felipe: A Sarah já tá fazendo isso. Quando desci ela ficou dando banho na nela ou ela estava tomando banho com a água que a Malu jogava nela...
Júlia: Então deixa as duas lá e eu vou ficar aqui de boa e sequinha. - rimos. Ficamos conversando sobre coisas aleatórias, depois fomos para a cozinha e encontramos a Sarah entrando com a Malu. - Bom dia, minha princesa!
Sarah: Bom dia! Eu sei que sou princesa mesmo. - disse sorrindo.
Júlia: Você não, ou, minha filha! Tu é uma ogrinha. - o Felipe riu e ela botou língua pra mim.
Malu: Bom dia, mamãe! - veio pra perto de mim, peguei ela no colo e beijei seu nariz.
Júlia: Oi, meu amor! - sorri. - Dormiu Bem?
Malu: Xim!
Júlia: Quer tomar café? - ela assentiu.
Sarah: Cadê a mamãe, papai e Rosinha? - perguntou sentando na mesa e se servindo.
Júlia: A Dona Marcela e a Rosa estavam aqui quando desci e o papai está no escritório. - respondi colocando a Malu sentada no cadeirão.
Felipe: Quando desci encontrei a sogrinha e a Rosa saindo e disseram que iriam no mercado, mas não iam demorar muito. - pegou uma maçã e começou a comer.
Sarah: Será que o papai foi ver algo sobre a audiência de segunda?
Júlia: Foi, a mamãe disse! - servi um pouco de suco no copo da Malu e preparei um pão francês com requeijão para ela.
Sarah: Você tá bem?
Júlia: Estou! - respondi vagamente sentando ao lado da Malu enquanto a assistia comer.
Sarah: Como será que vai ser na segunda? Não consigo parar de pensar sobre isso.
Júlia: Não sei, Sarah! Estou tentando ao máximo não pensar sobre nada disso porque não quero estragar meu dia com a preocupação. Se está sendo difícil para você esquecer sobre, imagine pra mim?! - falei mantendo o tom calmo, mas visivelmente chateada.
Sarah: Tá, desculpa! - murmurou e eu suspirei.
Júlia: Me desculpa também! Só estou um pouco nervosa e por isso não quero ficar pensando em como está a minha vida agora. - ela assentiu sorrindo fraco.
Felipe: Vamos mudar de assunto. Que tal a gente ir andar de teleférico depois do almoço? E aí Maluzinha, topa? - sorriu olhando para ela.
Malu: Xim! - exclamou com a boca cheia de pão e nós rimos.
Sarah: Vocês sabem que eu não sou muito fã de alturas, mas vou fazer um esforço. - disse com uma careta.
Júlia: Tô dentro também. Vamos ver se a mamãe e papai querem ir junto...
Marcela: Ir onde? - perguntou entrando na cozinha com algumas sacolas junto com a Rosinha.
Felipe: No teleférico, sogrinha.
Marcela: Agora? - colocou as compras na bancada e olhou pra gente.
Felipe: Não, depois do almoço.
Marcela: Ah, se é assim eu vou então.
Malu: Vovó! - chamou ainda tomando seu suco.
Marcela: Oi, minha princesa! - disse indo sorrindo até ela e enchendo-a de beijos.
Júlia: Vamos junto, Rosinha?
Rosa: Não me do bem com essas coisas no alto, minha filha. - riu e começou a tirar as coisas das sacolas.
Sarah: Eu também não gosto, mas tô indo Rosinha. Vamos, vai...
Rosa: Tudo bem, eu vou!
Felipe: É isso aí, Rosa! A vida sem aventuras não é nada. - rimos.
Malu: Mamãe, quelo maisi pãozinho.
Júlia: Chega, amor! Daqui à pouco vamos almoçar.
Marcela: A vovó e a Rosinha vai começar a preparar agora mesmo.
Malu: Maisi eu não quelo papa, quelo pãozinho.
Júlia: Então não vamos sair mais, porque só quem almoçar vai poder sair e andar de teleférico.
Malu: Tá bom, vou amoçar!
Felipe: Chantagista! - disse rindo.
Júlia: Com ela tem que ser assim. - falei levantando da cadeira e pegando o copo vazio de suco da Malu para lavar.
Malu: Quelo ver desenho, mamãe.
Júlia: Espera um pouco, tô ocupada!
Sarah: Vamos, a titia vai colocar para você. - disse tirando ela da cadeira.
Felipe: Também vou! Vamos ver o que, Dragon Ball Z?
Malu: Não, titio! É Macha e o Uso.
Felipe: Mas de novo?! - rimos.
Malu: Xim!
Marcela: Fiquem por perto que daqui a pouco o almoço fica pronto, hein.
Sarah: Tá bom! - os três saíram e foram para a sala.
Júlia: Vocês duas querem ajuda aqui?
Marcela: Não, minha filha! A gente da conta, mas preciso que você ligue para o seu pai e pergunte o porque dessa demora toda. - pediu sem parar de cortar algumas verduras.
Júlia: Tá! - peguei meu celular e disquei para o número dele que atendeu no segundo toque. - Bom dia, senhor Dennis!
Dennis: Oi! Bom dia, querida. Já acordou?!
Júlia: Faz é tempo! A Dona Marcela tá querendo saber que horas tu vai voltar pra casa...
Dennis: Já estou no caminho, avisa a ela aí.
Júlia: Tá falando no telefone enquanto dirige, pai?!
Dennis: Não, parei no acostamento só pra isso.
Júlia: Ah bem! - ri um pouco. - Vou deixar você voltar pra estrada, então.
Dennis: Daqui a pouco eu chego aí, beijo.
Júlia: Beijo! - desliguei e guardei o celular no bolso. - Ele já está no caminho, mãe!
Marcela: Tá bom! Pega uma tigela para mim, Rosa. - ela foi pegar.
Rosa: Aqui! - entrou para a minha mãe e ela agradeceu.
Júlia: Vou subi pra ver algumas coisas do trabalho. Deixar tudo em dia já que vou faltar na segunda.
Marcela: Vai lá, quando o almoço estiver pronto te aviso. - assenti e saí da cozinha.
Passei pela sala, vi que a Maria estava de boa assistindo seus desenhos com a Sarah e o Fe, subi as escadas e fui direto para o quarto.
(...)
Domingo, Novembro de 2014
O restante do sábado correu tranquilamente. Depois que o meu pai chegou e eu terminei com as coisas do trabalho, tivemos um almoço maravilhoso e com um clima super leve, sem tocar no assunto que estava trazendo tensão para nossa família. Um momento da calmaria em meio a tempestade. Logo depois do almoço fomos no bendito teleférico que o Felipe deu a idéia e o dia não poderia ter terminado de melhor forma com todos nós indo jantar em um restaurante super aconchegante no centro de Madrid.
Hoje, domingo, é o dia que eu e meu pai vamos pra Barcelona para a audiência que será amanhã de manhã. Resolvemos aproveitar que a Sarah e o Felipe voltam hoje pra lá e ir junto com eles. Vamos no final do dia e pretendemos voltar logo depois da reunião.
Malu: Mamãe? - chamou acordando e eu a olhei. Ontem ela dormiu na minha cama mais uma vez.
Júlia: Bom dia, minha princesa! - falei sorrindo. Já faz mais de meia hora que eu acordei, mas continuei deitada em meio aos pensamentos.
Malu: Bom dia! - chegou mais perto de mim e deitou com a cabeça na minha barriga. - A xente vai no paquinho hoje?
Júlia: Não! Você lembra que a mamãe falou com você ontem que o vovô e eu vamos pra casa da titia Sarah hoje? - perguntei mexendo em seu cabelo.
Malu: Xim!
Júlia: Então, por isso não vai dar pra gente ir no parque hoje. Mas amanhã, quando eu chegar, nós podemos ir tá bom?
Malu: Tá! A xente vai tomar sovete tabem né?
Júlia: Vamos! - ri. - Mas só se o tempo não estiver muito frio, ok? - ela assentiu. - Você vai ficar com a vovó até a mamãe voltar da casa da titia, lembra?
Malu: Lembro! Eu vo domir com ela?
Júlia: Não sei, pergunta a ela depois. Se comporta, tá bom? Se fazer bagunça não vamos em nenhum parque amanhã.
Malu: Tá bom! Vou ficar quietinha, mamãe.
Júlia: Muito bem! - sorri.
Malu: Mamãe, o Xuninho não quer me ver maisi? - perguntou levantando a cabeça e me olhando.
Júlia: Por que você tá perguntando isso? - falei em um tom surpreso, porém já tendo uma noção de qual seria sua resposta.
Malu: Puque ele falava com eu toda hora no vídeo e agola não tá falando maisi. - disse cabisbaixa, causando uma dor no meu coração. Como eu já tinha dito, o Júnior liga todo dia para conversar com ela, mas desde o dia que chegou a intimação eu evitei todas as chamadas dele, e não foram poucas. Eu sábia que a Malu iria sentir falta e consequentemente iria acabar perguntando, mas meu lado orgulhoso e magoado falou mais alto. Eu sei que isso não faz bem para ela, que não tem nenhuma culpa no que está acontecendo. Porém também sei que se atende-se as ligações dele eu iria falar coisas que ele merece ouvir e meu pai me alertou que o melhor a fazer agora é ficar quieta na minha e deixar as conversas para o tribunal, para não prejudicar mais ainda minha situação.
Então eu preciso desse tempo para esperar a poeira abaixar e eu conseguir controlar meu desejo de dizer umas verdades para ele.
Júlia: Claro que ele quer te ver, meu amor. Só porque vocês estão a um tempo sem se falar, não quer dizer que ele não gosta mais de você. - sorri fraco. - Tá bom?
Malu: Tá! Maisi vai demola muto pra xente se vê?
Júlia: Não, prometo! - suspirei. Vou ter que resolver logo essa questão da raiva pra ontem.
Malu: Oba! - sorriu. - Você dexa eu pegar a Nina pra ele ver?
Júlia: Deixo! - sorri e beijei sua testa. - Vamos se ajeitar pra tomar café.
Malu: Quelo comer aquele bolinho de cholate, mamãe. - pediu enquanto eu levantava da cama.
Júlia: Vamos ter que ir no Starbucks então, aqui em casa não tem. - ajudei ela a descer da cama.
Malu: Tá bom! - disse sorrindo.
Júlia: Vamos no seu quarto se arrumar. - falei já a levando pra lá e depois fomos direto no banheiro.
Depois que terminei de dar banho, peguei sua toalha, sequei seu corpinho e fomos para o closet.
Malu: Quelo usar minha botinha peta, mamãe.
Júlia: Essa? - perguntei pegando.
Malu: Xim!
Júlia: E a roupa?
Malu: Voxê pode escolher!
Júlia: Ah, obrigada por essa gentileza. - ri. - Vai lá pra sua cama que eu vou pegar as coisas aqui e depois vou pra lá.
Malu: Tá bom! - ela foi e eu fiquei olhando seus looks e optei por um bem quentinho por causa do tempo frio. Antes de sair do closet também peguei fralda, talco, hidratante e as coisas de cabelo.
Júlia: Deita aqui! - apontei para a beira da sua cama, ela veio e eu comecei a colocar a fralda.
Malu: Mamãe, puque eu não vou ir com voxê e o vovô pra casa da titia?
Júlia: Por que... - pensei em uma resposta sem tirar a atenção do que estava fazendo. - Por que nós não vamos demorar lá, vai ser rapidinho e antes de você sentir saudades já vamos estar de volta.
Malu: Aaaah...
Júlia: Mas a mamãe promete que vai levar você lá pra passar um final de semana inteiro, tá? - perguntei terminando de por a fralda e passando o hidratante pelo seu corpo.
Malu: Tá bom!
Júlia: Mas vai ser legal aqui com a vovó e a Rosinha, você nem vai sentir falta de mim. - fiz bico.
Malu: Vou xim, mamãe! - riu.
Júlia: Vai mesmo? - terminei com o hidratante e comecei a vesti-la.
Malu: Xim!
Júlia: Você me ama?
Malu: Amo!
Júlia: Quanto? - perguntei sorrindo.
Malu: Muto, muto, muto! - riu.
Júlia: E quem a mamãe ama muito também?
Malu: EU! - respondeu com intusiasmo e depois nós duas gargalhamos.
Júlia: Acertou! - enchi seu pescoço de beijinhos, fazendo ela ri.
Malu: Falta as botinhas agola, mamãe. - disse depois que já estava vestida, mas sem os sapatos.
Júlia: Primeiro vamos pentear o cabelo, senta aqui na minha frente. - ela sentou e eu escovei seu cabelo, fazendo um rabo de cavalo meio bagunçado porque ela não parava quieta. Depois ajudei ela a por as botas, deixei ela sentada na cama enquanto guardava as coisas e quando terminei saímos do seu quarto. - Vamos no quarto da sua tia pra ver se ela ainda está dormindo. - caminhamos de mãos dadas até a porta dela, encostei o ouvido na mesma e ouvi a voz dela e do Fe lá dentro. - Vamos dar um susto na titia e no titio Fe? - perguntei sussurrando pra Malu.
Malu: Xim, vamo! - disse no mesmo tom que eu sorrindo.
Júlia: Vou abrir a porta devagar e depois a gente grita tá bom? - sorri.
Malu: Tá! - segurei na maçaneta, abrindo um pouquinho a porta e observei pelo pequeno espaço a Sarah e o Felipe sentados na cama conversando e mexendo no celular. Olhei para a Malu, contei até cinco nos dedos e logo depois abri totalmente a porta rapidamente.
Júlia&Malu: AAAAAAHHHHH!! - gritamos juntas e a Sarah pulou de susto na cama enquanto o Fe só olhou pra gente.
Sarah: Que filhas da mãe! - disse colocando a mão no peito e eu e a Malu caímos na gargalhada.
Felipe: Tal mãe, tal filha hein... - se juntou rindo a mim e a Malu.
Sarah: Nossa, quase tive um infarto agora.
Júlia: Sua cara foi a melhor. - gargalhei.
Malu: Voxê tomo susto, titia. - disse ainda rindo.
Sarah: Tomei, sua pestinha. Não pode fazer isso com a titia!
Júlia: Pode sim, filha! Dá próxima a gente faz pior... - ri e a Sarah colocou dedo pra mim. - Olha a minha filha aqui hein...
Sarah: Não repete o que a titia fez, princesa. - riu e a Malu assentiu. - É que sua mãe me enche o saco. - botei língua pra ela.
Júlia: Felipe nem tomou susto, sem graça.
Felipe: É lógico! Sou esperto, ouvi uns sussurro atrás da porta. - riu.
Sarah: Eu não escutei nada... Quero ver se eu e o Fe tivesse fazendo algo. - me olhou rindo.
Júlia: Eca! - ri. - Por isso mesmo que escutei primeiro atrás da porta.
Felipe: Mas não ia adiantar nada, sua irmã é silenciosa...
Júlia: Que porco! - ele gargalhou enquanto a Sarah dava um tapa no seu braço.
Sarah: Palhaço! - riu.
Júlia: Depois dessa vamos até sair fora, né filha? - olhei para a Malu.
Malu: Xim!
Sarah: Já foram lá em baixo?
Julia: Ainda não! Vou lá agora deixar a Malu com quem estiver lá.
Sarah: Vocês vão aonde? Pra essa princesinha tá tão chique assim.
Malu: A xente vai toma café e come bolinho no tabuck, titia. - respondeu e eu ri.
Júlia: No Starbucks!
Malu: Isso! - a Sarah e o Fe riram.
Felipe: O titio também quer ir junto.
Malu: Ele pode ir, mamãe? - perguntou me olhando.
Júlia: Huumm, deixa eu pensar... - cruzei os braços.
Felipe: Vai cagar, Júlia. - rimos.
Sarah: Vamos todos nós então. Também quero comer aquele bolo maravilhoso. - disse levantando da cama.
Felipe: Depois não reclama que está gorda.
Júlia: Ui! - gargalhei.
Sarah: Vai cagar junto com a Júlia, garoto. - o Fe também gargalhou. - Você já está pronta, Júlia?
Julia: Óbvio que não né! - revirei os olhos. - Vou me arrumar depois de deixar a Malu lá embaixo.
Sarah: Tá, vou me ajeitar também então.
Júlia: Tá bom!
Felipe: Deixa que eu levo a Maluzinha lá pra baixo, Júlia. - falou colocando o celular no bolso.
Júlia: Aaah, que prestativo! - ri e apertei sua bochecha quando o mesmo chegou perto.
Felipe: Para, ou... Vamos, Maluzinha. - estendeu a mão pra ela.
Júlia: Daqui à pouco a mamãe desce, amor.
Malu: Tá!
Sarah: Pergunta aos seus sogros se eles querem ir também, Felipe.
Felipe: Tá! Andem rápido, hein.
Júlia: Tchau, Felipe! - dei um empurrãozinho em seu ombro e ele riu saindo de mãos dadas com a Maria.
Sarah: Tudo pronto para ir pra Barcelona junto com a gente?
Júlia: Sim! Porém não quero falar disso agora porque já estou fazendo um grande esforço pra não começar a ficar nervosa desde agora, então, bye. - dei um tchauzinho já saindo do seu quarto e a escutei suspirando.
(...)
Sarah: Quando começa suas férias, Júlia? - perguntou enquanto a gente tomava café em uma mesa externa do Starbucks. A Dona Marcela e senhor Dennis não quiseram vir, pois já tinham tomado café, então só veio eu com a Malu, a Sarah com o Fe e a Jés, que eu liguei no meio do caminho e ela disse que também queria vir.
Júlia: No começo do mês que vem, por volta do dia cinco. - respondi ajudando a Maria que estava se lambuzando com o tal bolo que tanto queria. - Calma, minha filha. É só com a boca que se come!
Felipe: Isso que eu chamo de comer com gosto. - rimos.
Jéssica: Tá gostoso, Maluzinha? - perguntou sorrindo e a Malu só assentiu com a boca cheia.
Sarah: Não consegue nem falar. - riu. - Você entra de férias junto com a Júlia, Jés?
Jéssica: Esse vou entrar mais tarde, infelizmente. - disse fazendo bico.
Júlia: Vai entrar dia 23? - ela assentiu. - O Dan também.
Jéssica: Tô sabendo! Estamos marcando de pegar o mesmo voou para o Brasil, no dia 23 mesmo.
Sarah: Muito perto do Natal essa data.
Jéssica: É né, mas fazer o que! - encolheu os ombros.
Júlia: A de vocês é quando? - perguntei para a Sarah e o Felipe.
Felipe: No começo do mês, graças ao Mano lá de cima. - riu.
Sarah: Meus projetos terminam no começo de Dezembro também. Então depois disso, férias! - disse entusiasmada. - Você vai para o Brasil assim que ficar de férias?
Júlia: Não sei... - tomei um gole do meu café. - Vai depender das audiências que estão por vir.
Jéssica: Acho que eles vão agilizar o máximo pra antes das datas comemorativas.
Felipe: Com certeza! Todo ano os tribunais fazem isso, tem recesso na jogada.
Júlia: Vamos esperar pra ver né... - suspirei. - Só de pensar me dar uma dor de cabeça.
Sarah: Ter que passar por isso logo em uma época de felicidade e festejo não é fácil.
Júlia: As vezes me pego perguntando se o que eu fiz foi tão ruim assim pra merecer tudo isso. - suspirei, mas uma vez.
Jéssica: Claro que não, amiga. Qualquer mãe que fosse ameaçada do jeito que você foi teria quase a mesma atitude. Ademais, você era muito jovem na época para pensar em ter uma possível atitude correta.
Sarah: Todo mundo lá em casa já está cansado de tentar fazer ela entender isso. O idiota lá que cresceu, mas não parece, que devia colocar a cabeça pra pensar e pelo menos cogitar que o que a Júlia disse pra ele pode ser verdade. Pelo amor de Deus, a Júlia não iria ganhar nada inventando coisas sobre uma pessoa que nunca conheceu. - disse tentando manter um tom calmo.
Felipe: Esse jogador era tão otário assim quando vocês conheceram ele?
Júlia: O pior é que não.
Sarah: Tô com tanta raiva dele e daquele ser desprezível...
Jéssica: Um dia ele irá abrir os olhos!
Júlia: É, mas até lá talvez ele e o pai consigam o que quer de mim. - respondi e meu corpo estremeceu só de pensar nessa hipótese.
Sarah: Vira essa boca pra lá, Júlia. Vamos ganhar essa batalha!
Júlia: Espero que sim, mas está difícil manter o otimismo. - puxei a Malu pra mais perto de mim no banco e enrolei um dos meus braços na sua cintura. - Então... Já pensaram onde vão passar o ano novo? - perguntei mudando de assunto, eles pegaram a deixa e continuamos a conversar sobre isso. No meio da conversa resolvi postar uma foto, que eu tinha tirado mais cedo da Malu, no insta dela.
SanchezMalu: Eu e o bolinho que eu amo. ♡
sophia_medeiros: Mini brogueirinha mais linda da família.
medeirosluara: Saudades de você, princesa.
sanchezdennis: Vovô ama muito! Vem pra casa logo.
márcia.medeiros: Nossa menininha cresceu tanto. Deus abençoe!
victor_sanchez: Me dá um pedaço desse bolo, pestinha.
sanchezmalu: Que bisa muito digital que eu tenho hahaha @Márcia.Medeiros
sanchezmalu: Não! @Victor_sanchez
Júlia: A vó Márcia toda digital no insta, comentou aqui na foto da Malu. - ri.
Sarah: Eu vi, comentou em uma minha também.
Felipe: Pra quem fez e só sábia olhar as fotos, ela tá manjando bem hein... - rimos.
Jéssica: Dona Márcia é de mais!
Júlia: O Victor tá namorando ainda? - perguntei saindo do insta da Malu.
Sarah: Victor nosso primo? - assenti. - Nem sei...
Felipe: Eu acho que não, por que duas semanas atrás ele postou uma foto dizendo que estava solteiro na pista.
Sarah: Continua sendo galinha! - rimos e eu guardei o celular e continuei a conversar com eles.
Júnior: Um pouco, mas o que está me deixando ansioso agora é se a Júlia irá me deixar ver a Malu no meio disso tudo. - suspirei. Eu, Gil, Jota e o João estamos na sala e já faz uns trinta minutos que terminamos de se exercitar.
João: Ela deve está com muita raiva de você.
Jota: Com certeza!
Júnior: O engraçado é que o único que deveria estar sou eu.
Gil: Claro que não, Júninho! Não tô querendo defender o que ela fez, mas ela tá vivendo com a possibilidade de perder a filha. Não é fácil!
Júnior: Não é fácil para mim que perdi grande parte da vida da minha filha, Cebola. - respondi sério.
Jota: Cadê o Cabeça?
Júnior: Foi conversar com o advogado sobre a audiência de amanhã.
João: Ele vai?
Júnior: Vai, mas o advogado disse que ele não poderá entrar na sala.
Gil: Não era melhor ele esperar aqui então?
Júnior: Vocês sabem como ele é né?!
Jota: Tamo ligado! - riu.
Gil: Tá parecendo que o neymarzão é o pai e não você. - riu.
João: Tá mais preocupado que o Nj.
Júnior: Ele só tá querendo resolver tudo antes de algo cair na imprensa. - respondi. O meu pai, desde o dia que eu tomei a decisão de querer a guarda da Malu, se focou totalmente nesse assunto. Perdi as contas de quantas vezes ele convocou reunião com o advogado. Já minha mãe preferiu ficar meio distante dessa história e só fica observando tudo de longe. Tenho que tirar um momento para conversar com ela, mas ainda não tive a chance. - Aí, vou lá falar com a mamusca. - eles assentiram e eu levantei do sofá e fui para a cozinha, onde a minha mãe está junto com a Mah.
Nadine: Oi, meu filho! - disse sorrindo quando me viu entrando.
Júnior: Esse rango saí ou não? - cheguei perto da Mah e roubei um pedaço da maçã que ela estava cortando.
Mah: Não começa, Júninho. - deu um tapa na minha mão e eu fui para perto da minha mãe rindo.
Nadine: Saí daqui a pouco, Neymar Jr.
Júnior: Aí sim, já estou com fome.
Mah: Agora conte uma novidade. - nós três rimos.
Nadine: Magro de ruim esse menino.
Júnior: Ruim não, mamãe. Ralo todo dia pra ter esse tanquinho. - passei a mão pela barriga e elas riram. - Você tá muito ocupada aqui?
Nadine: Não muito! Por que?
Júnior: Quero conversar contigo.
Nadine: Tudo bem! Dá conta aqui, Mah? - perguntou lavando as mãos e depois secando.
Mah: Pode deixar comigo, termino tudo aqui.
Nadine: Obrigada! Vamos, Júninho... - fomos para a área externa e sentamos nas espreguiçadeiras de frente um para o outro. - O que houve?
Júnior: É que eu senti que você ficou um pouco estranha e distante desde o dia que eu decidi que queria a guarda total da Maria Luíza.
Nadine: Aí, filho... - me olhou. - Eu não queria agir desse jeito, mas é inevitável.
Júnior: Por que?
Nadine: Porque eu não sei se o que você está fazendo é o certo. - suspirou. - Nenhuma mãe merece ser ameaçada de perder seus filhos. Sei disso porque sou mãe e não viveria se acontecesse algo com o você, o Jota e a Rafaella. Então eu me sinto estranha por fazer parte disso com você e seu pai.
Júnior: Mãe, mas ela escondeu minha filha de mim. - exclamei um pouco indignado.
Nadine: Eu sei, querido! Não estou justificando o que ela fez, mas pode ser a pior pessoa do mundo e mesmo assim não merecia passar por isso. Filhos são sagrados na nossa vida, você é pai e sabe disso.
Júnior: É por saber disso que eu estou fazendo tudo isso. Ela não pensou assim quando decidiu não me dizer que estava grávida.
Nadine: E é realmente o certo devolver com a mesma moeda? Você está fazendo isso por vingança ou por querer realmente ficar perto da sua filha? - perguntou séria e eu só consegui ficar quieto pensando no que acabei de ouvir. - Pense nisso, tá bom? - assenti. - Apesar de tudo, estou do seu lado. É você que escolhe o que quer fazer, então se você acha que esse é o melhor caminho tudo bem.
Júnior: Te amo!
Nadine: Eu também, meu amor! - sorriu e eu abracei ela super apertado. Ficamos em silêncio só curtindo o momento até o meu celular tocar no meu bolso.
Júnior: Droga! - terminei o abraço, peguei o celular e vi que era a Bruna. Droga 2! Nesses dias que passaram eu consegui me resolver com ela, mas mesmo assim as vezes não tenho paciência pra falar com ela. Tipo agora! - É a Bruna! - falei com uma careta e a minha mãe riu.
Nadine: Não entendo esse relacionamento de vocês. - negou com a cabeça. - Vou deixar vocês conversarem. - levantou, beijou meu rosto, voltou para a cozinha e eu atendi a ligação.
Júnior: Oi!
Bruna: Oi, amor! Tá fazendo o que?
Júnior: Nada!
Bruna: Nada?! Onde você tá?
Júnior: Em casa, Bruna! - revirei os olhos.
Bruna: Ah tá! Então, quando você vai vir para o Brasil?
Júnior: Ainda não sei, minhas férias começam depois do último jogo, dia 12.
Bruna: Então você vai vir dia 13 né?! - perguntou já afirmando.
Júnior: Não, já disse que não sei. - suspirei.
Bruna: Como assim não sabe? Você vem sempre um dia depois que começa às férias.
Junior: Mas dessa vez não sei se vai dar, preciso resolver algumas coisas aqui ainda.
Bruna: Humm... Coisas! - ficou quieta.
Júnior: Então, por que tá perguntando? - mudei de assunto logo antes dela começar a me estressar com mais perguntas.
Bruna: Fui convidada para um evento aqui no Rio e quero que você me acompanhe.
Júnior: Quando é?
Bruna: Dia 20 de Dezembro. Depois podemos voltar juntos para São Paulo, já que vou passar o Natal na sua casa esse ano.
Júnior: Tá, mas não sei se vai dar tempo de eu ir...
Bruna: Aí, Júnior... Faz um esforço aí, por favor.
Júnior: Ok, Bruna! Vou tentar, mas não prometo. - suspirei.
Bruna: Melhor do que nada né... - disse com um tom de desdém.
Júnior: Preciso desligar agora, vou almoçar.
Bruna: Tá bom! Tchau, te amo!
Júnior: Também, tchau. - desliguei e guardei o celular no bolso de novo. Ainda fiquei um pouco sozinho e em silêncio, mas depois entrei e encontrei o Davi junto com a minha mãe e a Mah na cozinha. - Ei, filhão!
Davi: Pai! - correu até mim e eu peguei ele no colo.
Júnior: Quem te trouxe?
Davi: A mamãe, mas ela já foi embola.
Nadine: Falei pra ela ficar para o almoço, mas não quis.
Mah: Sabe como a Carol é né, faz de tudo pra não incomodar. - riu.
Júnior: Já falei pra ela parar com essa bobeira, né filho?! - fiz cócegas em sua barriga.
Davi: Sim! - disse rindo. - Papai, vamo tomar banho de picina?
Nadine: Nem pensar! Já estou pondo a mesa do almoço.
Júnior: Iiih, a vovó acabou com a graça. - o Davi fez bico e eu, minha mãe e a Mah rimos. - Depois do almoço a gente vai, tá bom?
Davi: Tá! - sorriu.
Nadine: Alguém vai chamar os meninos lá na sala.
Júnior: Vai lá, moleque. Chama os seus tios. - coloquei ele de volta no chão e o mesmo foi correndo pra sala. - Não vai esperar o Cabeça?
Nadine: Não precisa! Ele ligou e disse que vai almoçar lá no escritório mesmo e que volta pra casa mais tarde.
Júnior: Ata! - o Davi voltou com os meninos e todos nós começamos a nos servir.
(...)
Neymar pai: Júninho, tá caminhando tudo certo pra gente. Essa batalha a gente leva fácil, fácil. - disse chegando todo empolgado na área externa, onde eu, o Davi, os meninos e a minha mãe estamos desde quando terminamos de almoçar. Já são quatro e pouca da tarde.
Nadine: Isso não é hora de falar disso, Neymar. - falou sem levantar da espreguiçadeira.
Davi: Vovô! Tô tomando banho. - gritou de dentro da piscina, onde estava junto comigo e os moleques.
Neymar pai: Tô vendo, molecote! O vô vai entrar também, pode? - riu.
Gil: Fala que não, Davizão.
Davi: Pala, titio. Vem, vovô! - disse batento na água e nós rimos.
Neymar pai: Se ferrou, Gilmar! O vô vai trocar de roupa, tá bom? - o Davi assentiu. - Depois vamos conversar com calma, Júnior! - disse entrando e eu concordei.
Malu: Ovi, mamãe! - disse segurando minha bochecha, já que estava no meu colo. Meu pai e eu estamos indo agora para Barcelona junto com a Sarah e o Felipe.
Júlia: A mamãe vou amanhã, tá bom? - ela assentiu e eu beijei seu rosto e a coloquei no chão.
Dennis: Tchau princesa do vô! - se abaixou e beijou a testa dela.
Malu: Tchau, vovô! Tas presente pra eu. - ri e ele, minha mãe, Sarah e Felipe acompanhou.
Dennis: Trago sim, pode deixar.
Marcela: Me ligam quando chegarem lá e vão com Deus. Vai dar tudo certo! - se despediu da gente, a Sarah e o Fe falaram com a Malu e depois saímos de casa. A minha mãe e a Malu ficaram na entrada.
Dennis: Não precisa colocar nada no porta mala não né? - me perguntou enquanto destravava o carro.
Júlia: Não! A mala é pequena, então dá pra ir no banco de trás. - falei fazendo justamente isso.
Felipe: Nos encontramos lá então? - disse do carro dele e da Sarah. Vamos em carros dferentes, pois eles vieram com o deles e amanhã meu pai e eu precisamos de um para voltar.
Dennis: Sim! Vão com cuidado e até já. - entrou no banco do motorista e eu no passageiro.
Malu: Tchau, mamãe. Te amo...
Júlia: Amo vocês. Tchau! - mandei beijo pra ela e minha mãe, meu pai arrancou com o carro e o Fe veio pra trás.